terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Criança



Em dia com a poesia: Pobre criança
Por João Moura


Cala a pobre criança,
diante do mundo pobre
de coerência, humanidade...
Estuda a sobra.
A escola fantasma lhe dá:
pichações, cuscuz, água quente...
O professor: desnutrido, brasileiro...
Ensina errar, ser como não deveria.
Mas a criança tem alívio de casa,
foje do pai bêbado, da mãe fumante
e o nada brindando o tempo;
é como se houvesse um destino
traçado no seu caderno da feira,
enraizado no passado mal feito
pelos que têm mesas fartas;
pelos que seguram as mentiras
no nó da gravata.
E a peça é a farsa,
o ator o palhaço
e a gestão: o frio e insensível tempo!



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